Autor: Armindo Armando
(Universidade
Pedagógica)
Licenciando em Filosofia
Supervisor: Mcs. Tiago Tendai Chingore
(Universidade
Pedagógica)
Doutorando
em Filosofia
Resumo
A
Paz desde muito considerou-se como a ausência de guerra, por sua vez passou a
servir como ausência de todas as hostilidades e passa numa reflexão de cultura
de Paz. Com Kant, no Sec. XVIII, começa a reflexão sobre a possibilidade da Paz
ser eterna, Kant elaborou tal como uma necessidade de toda a sociedade, assim
sendo na actualidade social, encontramos diversas classes e que as tais classes
originam as desigualdades sociais, tendo-me questionado, será possível termos a
Paz Perpetua no mundo das desigualdades? há necessidade da revisão da origem
das desigualdades e assim Rousseau destaca o privado e a definição do primeiro
ocupante como a causa das guerras, Galvão destaca que a queda ou a crise moral; é a causa da exclusão social e
tal exclusão social traz as desigualdades pois alimentada pelo neo-liberalismo.
Em quanto as sociedades encontrarem-se estruturadas de forma vertical; entre as
classes põe em causa a Paz Perpétua e caso o egoísmo saia e haja um novo
ordenamento das classes sociais sendo horizontais há possibilidade de existir
um entendimento eterno e evitar as violências sociais. Para que a paz perpetua
seja uma realidade hoje, é necessário que as classes sociais sejam minimizadas
e que haja uma sociedade ordenada em que as necessidades básicas fundamentem a justiça
social.
Palavras-Chave: Paz
Perpetua; Kant; Classes Sociais; desigualdades
Abstract
The Peace since long been considered as the absence of
war, in turn went on to serve as the absence of all hostilities and passes a
reflection of culture of Peace With Kant , in the XVIII century , begins to
reflect on the possibility of Peace be eternal , Kant elaborated as a necessity
for the whole society , thus the social actuality , we found several classes
and that these classes originate social inequalities having questioned me , you
can have the Peace Perpetual inequalities in the world , there need to review
the origin of inequality and so Rousseau emphasizes the private and the
definition of the first occupant as the cause of wars , Galvão highlights the
fall or moral crisis , is the cause of social exclusion and social exclusion
brings such inequalities as fueled by neo -liberalism . On how companies meet
-structured vertically , between classes jeopardizes the Perpetual Peace and if
selfishness skirt and there is a new order of social classes being horizontal
there possibility of an eternal understanding and preventing social violence.
Keywords: Perpetual Peace, Kant; Social Classes; inequalities
Introdução
A paz é um bem necessário para a
convivência social sã, o presente artigo intitula-se: o projecto da paz perpétua de
Kant, torna-se utopia na sociedade,
tal título passou necessariamente por uma reflexão em relação as origens e as
consequências das desigualdades sociais. A paz sendo ausência de todas as
hostilidades, violências é realmente uma das grandes necessidades da humanidade
desde as primeiras instituições sociais e interessa ao político, ao religioso e
ao cidadão. Esta preocupação faz suscitar reflexões no nosso seio. No Século
XVIII, tendo como o autor expoente Kant, um dos filósofos a teorizar que a Paz que
seja Perpétua, a mesma deixou de ser apenas um tratado religioso mas sim passou
a ser uma reflexão de toda sociedade académica, filosófica e social. A Paz
considerou-se como a ausência de guerra, passou a ser a ausência de todas as
hostilidades e passa numa reflexão de cultura da Paz. Visto que, as guerras
nascem na mente da humanidade e o seu combate passa necessariamente pela
inculcação da própria mentalidade humana.
O mundo todo actualmente está mergulhado
na luta de classes. A análise que se faz é referente que actualmente as
violências sociais é uma realidade que tem de a crescer e que para alcançar o
seu fim é necessária a Paz. Razão pela qual é pertinente pois é uma preocupação
da humanidade.
A Paz é um bem para a sociedade, e esta
assente suas bases nos direitos humanos encontram-se preservados, assim sendo
para manter tal convivência de realizações ao sonho da bondade colectiva, é
necessário que a Paz seja em primeira instância. Todavia o artigo objectiva
conhecer as causas que o mundo não alcança a Paz almejada por Kant, deste modo
materializando o seu projecto; identificar as razoes que fazem com que a paz
seja uma utopia no mundo das desigualdades, o presente artigo esta organizado
em três tópicos no qual, o primeiro faz abordagem de artigos para a Paz, no
segundo tópico faz uma exortação da Paz e por fim o terceiro faz referência das
desigualdades sociais e o seu impacto na utopia da Paz Perpétua. Nos
procedimentos metodológicos serão empregue os métodos indutivo e monográfico/
estudo do caso, a técnica de pesquisa bibliográfica.
Cap.
I Projecto da Paz Perpetua de Kant
torna-se Utopia na Sociedade.
De acordo com Bobbio, citado por
Bazzano, no seu artigo publicado em 2007, diz que o homem começa a reflectir
sobre a paz partindo do Estado de guerra, a historiografia tem sido um relato
de guerras, e isto não foi diferente com a historia da filosofia, existiu uma
filosofia de guerra e surge por sua vez a filosofia da Paz, no qual surge
quando a filosofia da guerra se esgota, a filosofia da Paz acredita que a
guerra não é Estado habitual das relações humanas e é possível estabelecer a
Paz como uma situação habitual entre os homens.
1.1 Artigos e fundamentação da paz
A Paz Perpétua de Kant, sendo projecto filosófico,
necessita de uma fundamentação da Filosofia Politica. Uma das funções da
Filosofia Politica é da reconciliação. Dos conhecimentos ditos por Hegel, “quando dirigimos ao mundo um olhar racional,
o mundo nos parece ter constituído de forma racional” devemos aceitar e
afirmar nosso mundo positivamente e não apenas nos resignar a ele. (RAWLS,
2003, 4)
A Paz é um bem precioso, o político, o
príncipe, os súbitos naturalmente iguais e socialmente desiguais, quem deve a responsabilidade
de teorizar a Paz e materializar?
O homem precisa viver numa sociedade bem
ordenada onde a concepção pública da justiça, fornece um ponto de vista aceite
por todos a partir do qual os cidadãos podem arbitrar suas exigências de
justiça pública. (ibidem: 12) Aristóteles, filósofo grego da antiguidade
destaca o homem como um animal político, seria
verdade o homem se distanciar da política? Alguns homens seriamente acreditam
que não são políticos. Todavia, a Paz é do interesse comum.
Kant na sua obra A paz perpétua, um projecto
filosófico, publicado em 1795, estabelece artigos preliminares e artigos
definitivos para uma Paz Perpétua. “Não
se deve considerar valido nenhum tratado de paz que tenha feito com a reserva
secreta de elementos para umaguerra futura” (Kant:2008:120) referenciando este artigo, será a Paz de
Moçambique eterna? O difícil seria a ciência do espírito, visto que algo
secreto é irrevelável, poderia confiar na aparência e no pronunciamento de
alguém em função da Paz num acordo, que não guarda elementos para uma guerra
futura?
No mundo inteiro, existiram muitas
guerras, pois não são de natureza. As guerras serão para coroar um príncipe?
Lutar para o fim das desigualdades sociais? Que responsabilidade social tem os
indivíduos no mundo de guerra? O homem deve ter em conta com o outro, os
valores éticos deve ser o fundamento de toda a sociedade, os príncipes devem se
principiar pela Paz.
“Nenhum
Estado se deve imiscuir pela força na constituição e no governo de outro
estado” (KANT,2008, 133) seriam os homens a
implantar a verdadeira maldade na cooperação entre os Estados, uma cooperação
não pode pôr em causa aos intervenientes, porque é que o acordo dos príncipes
no envolvimento dos seus súbditos não passa de uma consulta aos súbditos? Kant critica o emprego de assassinos de um
estado para outro permitindo a verificação do escândalo que advém.
Me parece que os príncipes, o que
encaram com muita facilidade é a coragem pela decisão, advém a teoria de
Maquiavel “o fim justifica os meios”
será o motivo que um príncipe as suas acções comprometem a Paz?
Nos artigos definidos “o direito das gentes, deve fundar-se numa
federação de Estados livres ” (idem). Os povos enquanto Estado pode
considerar-se como homens singulares que no seu Estado de natureza se
prejudicam uns aos outros a pela simples co-existência e cada um em vista da
sua segurança pode e deve agir ao outro que entre nele uma constituição civil,
no qual se possa garantir cada um ao seu direito.
A sociedade é um sistema equitativo de
cooperação social que se perpetua de uma geração para outra, ideia elaborada em
duas ideias fundamentais: a ideia de cidadão (os que cooperam) como pessoas
livres e iguais e a ideia de uma sociedade efectivamente regulada por uma concepção
pública de justiça. (RAWLS, 2003, 7)
2.2
Exortação pela Paz
É compreensível que o povo diga: não deve entre nós haver guerra alguma pois
queremos formar um Estado, isto é, queremos impôr a nós mesmos um poder supremo
legislativo, executivo e judicial que dirima pacificamente os nossos conflitos (cit
up:18) Kant recomenda aos súbditos que neguem completamente a guerra, e o
poder que neles podem estabelecer pode-se servir de um princípio aos súbditos.
Observemos Kant como homem, o pensamento contra a guerra existente em Kant
porque não é universal? A desigualdade do homem seria oriunda na maneira de
pensar? Os desacordos entre os homens são necessários, pois suscitam o espírito
e cultura de diálogo, o dogmatismo é superado numa situação que encontramos as
discórdias e que não pode-se necessariamente tender ao cepticismo. Ao político
assim como aos súbditos, cabendo cultivar a cultura de Paz, determinante ao
bem-estar da humanidade.
Kant diz que é necessário seguir da
posição dos que defendem a Paz e opõe-se a qualquer tentativa da guerra justa e opor-se ao ditado Latino
“si vis pacem para bellum” quem quer
a paz prepara-se para a Guerra. Assim Kant fundando-se no “si vis pacem para instituiam” quem quer a paz preocupe-se com a
justiça. (CESCON, 2011, 27)
Desigualdades
Sociais e a utopia na Paz Perpétua
De acordo com Pinheiro, sem paz a
justiça é uma simples quimera, a busca pela ordenação pacífica é necessária
para uma vida melhor, é um direito valido universalmente, a paz é um meio
promotor da justiça no mundo e há a necessidade da educação para a Paz, sem a
publicação requerida e sem a sua compreensão necessária, a paz corre risco de
se tornar utópica. Numa abordagem da Paz esquecer termos de tolerância,
igualdade, respeito é esquecer que uma sociedade justa deve encaminhar-se sempre
para a paz. (ibidem: 45)
Na humanidade tem duas espécies das
desigualdades, no qual a primeira é natural ou física porque é estabelecida
pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças, do
corpo e das qualidades do espírito ou da alma. A segunda são as desigualdades morais ou politicas
porque dependem de uma espécie de convenção e que é estabelecida pelo
consentimento dos homens, consiste nos diferentes privilégios de que gozam
alguns com prejuízo aos outros como ser mais rico, mais honrado, mais poderosos
do que os outros. (ROUSSEAU, 2002: 38)
A Paz Perpétua fica irrealizável no seio
das desigualdades sociais, pois que as desigualdades criam o espírito e
tendência de terror entre os homens, as tendências da procura de formas de
sobrevivências, as alternativas não são absolutas.
Para que o mundo actual alcance a Paz Perpétua, é necessário que as desigualdades
sociais sejam minimizadas se calhar sejam niveladas, haja uma politica
internacional de reconhecimento entre as sociedades, indivíduos, religiões,
nações, estados, políticos. Cabe aos homens crer na possibilidade de uma Paz
Perpétua, pois para tal precisa de união na promoção do bem comum, partindo aos
políticos, aos súbditos, as grandes economias sejam para o bem social e não
como via de acesso de industrias bélicas.
As desigualdades sociais em quanto
Rousseau destaca duas espécies, encontramos a sua convivência independente num
mundo em que os homens viviam sem desigualdades morais ou Políticas.
“Em
quanto os homens se contentaram com as suas cabanas rústicas, em quanto se
limitaram, a cozer a sua roupa de peles com espinhos ou a restas de pau, a se
enfeitarem com plumor e conchas, a pintarem o corpo de diversas corres,
aperfeiçoar ou embelezar os seus arcos e flexes, atalha com pedras cortantes,
algumas canoas de pesca se aplicaram exclusivamente a obras que um só poderia
fazer, a arte que não necessitava incurso de muitas maus viverem livres; sãos;
bons e felizes, tanto quanto podiam ser pela sua natureza e continuarem a gozar
entre si das doçuras de uma convivência independentes, risonhos que foi
precioso regar. Desde o instante que o homem teve a necessidade do socorro do
outro, desde que percebeu que era útil a um só ter provisões para dois, a igualdade
desapareceu, a propriedade se introduziu, o trabalho tornou-se necessário e as
vastas florestas se transformaram em Caos, risonhos que foi preciso regar com suor
dos homens. (ROUSSEAU, 2002: 104) ”
As desigualdades não se verificaram no
âmbito em que o privado não se definia como hoje e a vida foi boa, os homens
foram sãos, tiveram uma felicidade. É claro que as sociedades se encaram com
muitos princípios astutos, existiu a lei do mais forte sobre os mais fracos,
talvez diria existiu uma selecção natural, no âmbito político seria uma
selecção dos cidadãos.
Maquiavel no seu terceiro Capitulo,
distingue dois modos de se tornar um príncipe que não pode ser inteiramente
entregue a fortuna e os valores, alguns atingem o principado pela maldade, por
caminhos celerados contrários a todas as leis humanas e divinas e torna-se
príncipe pelo favor do seu conterrâneo. Num momento em que alguns violam os
direitos humanos alcançando o principado cria as desigualdades no seio do
estado, a selecção das classes em, si é autónoma e essa separação traz uma astúcia
no seio da humanidade. A classificação das espécies do homem é fundamentada por
Hegel que destaca quatro espécies do homem.
2.3
Espécies
do homem e a desigualdade na moralidade em Hegel
Em Hegel existe no homem4 uma esfera que o Estado não
pode tocar, esta esfera encontramos em quatro espécies como, o cidadão, o
indivíduo, o herói e a vítima ou também como se pode dizer o que sustenta e o
que transcende o sujeito e objecto da historia, a moral do cidadão é do Estado
e a moral do individuo é da ideia absoluta, a moral do herói é a do espírito do
mundo e a moral da vitima é da situação privada o que não conta historicamente.
(HEGEL, 2001: 30)
2.4.1
O cidadão
O cidadão desde que o racional é real é
o que devia ser e o Estado é racionalmente universal, o cidadão como particular
deste Estado é sempre racional, real e como devia ser ou seja é moral, sua
racionalidade particular é realizada no estado. Como os particulares sozinhos
não fazem universal, os cidadãos sozinhos não podem ser a consciência da
liberdade, apenas o Estado como um todo, sua cultura é que realiza a liberdade,
só a liberdade é cheia de caprichos e deve estar subordinada a liberdade
universal como quando concretizada em uma cultura universal. No momento em que
o homem[1] ou
individuo esta consciente da sua liberdade ele é o cidadão, simples indivíduos
não são morais. (HEGEL, 2001: 32)
2.4.2
O indivíduo
O
indivíduo é caracterizado por Hegel como aquele que tem uma moral intrínseca e
pessoal, existe nos indivíduos como inerentemente eterno e divino. Esta moral
ética religiosa jamais é propiciada e garantida ou suplementada pelo Estado.
Ela existe de maneira absoluta, neste sentido o homem é um fim em si mesmo, ele
possui a divindade, não esta sujeito ao desenvolvimento mais existe em sua
forma absoluta, isso é a liberdade absoluta pelo qual; através dela o homem é
responsável em si, não importa em que circunstancias estejam, as circunstâncias
de sua vida, essa moralidade interior tem valor absoluto, infinito. (ibidem:
35)
2.4.2
O herói
O herói, que é o homem da moralidade
absoluta ou individual que se funda com universalmente social com o espírito do
mundo em, direcção a ideia absoluta, tem a situação histórica como o individuo
com todos seus poderes, ele não é nada se não matéria-prima do espírito do
mundo. É o homem herói que empurre a história para diante. (ibidem: 36)
2.4.4
A vítima
A vítima, na história do Estado, Hegel
coloca o herói que tem a sua energia como sujeito da história e o homem sem tal
percepção e energia é o objecto da história, sua vitima que é mulher/ homem
comum que prefere a felicidade e a grandeza. (ibidem:38).
Nos Estados actuais é lógico destacarmos
que a historia é um avanço que se observa no seio de nós, alguns homens fazem a
historia que Hegel designa de sujeito da Historia e alguns é o
motivo da existência que também chama de objecto da historia, pois os
objectos da historia Hegel chama vitimas de um Estado, se existe uma revolução
na razão entre os homens a procura de se libertar da vitima para um outro
aspecto moral existem os homens que ficam aliados na valorização da liberdade.
A classificação de Hegel aos homens não encontra intrínsecos com a mesma liberdade,
e que para Kant põe a liberdade como uma condição cinequanon para a Paz Perpetua, os níveis de moralidade se revoltam
aos outros criando uma astúcia da razão entre os homens, os homens implantaram
o egoísmo na liberdade devido a desigualdade de distribuição de tal liberdade,
seja a razão do egoísmo que Thomas Hobbes destaca a existência de Guerra de todos contra Todos, a
desigualdade face na Justiça talvez seja o motivo que levou Jonh Rawls a
escrever a justiça como Equidade.
Kant define iluminismo como a saída da
menoridade para a maioridade, os homens estão sujeitos a mudança coso não se
apeguem com garras a sua menoridade, não reparem como uma imposição Perpétua da
sua menoridade, a mudança de mentalidade é um imperativo para a Paz Perpétua
entre os homens, os ricos tem necessariamente o prazer de dominar
“Os
ricos por seu turno mal conheceram o prazer de dominar, desdenharam em breve
todos os outros servindo-se dos seus antigos escravos para súbditos novos, não
pensaram se não em subjugam e escravizam os vizinhos. Uma espécie de direitos
ao bem dos outros, equivalente segundo eles ao da propriedade e a igualdade
rompida foi seguida da mais horrível desordem e assim que as usurpações aos
ricos, os assaltos dos pobres, as usurpações desenfreadas sufocando a piedade
natural a voz ainda mais fraca da justiça, tornaram os homens avarentos,
ambiciosos e maus. A sociedade nascente foi praça do mais horrível estado de
guerra. (ROUSSEAU: 2002: 111) ”
A sociedade para que alcance a Paz, é
condicional a renuncia podendo voltar atrás, os desafios da vida determinam um
egoísmo Perpétuo, como Rousseau aponta: “levantaram-se
os direitos do mais forte e o direito do primeiro ocupante, um conflito
perpétuo que só terminava com combates e morticínios”, na nossa sociedade o
primar pelo diálogo é necessário para que os nossos diferendos não se tornem em
caos, a sociedade deve ser de acordo com Popper: Sociedade Aberta que prima pelo diálogo, não um diálogo de
transformação da nossa maldade interna em acções para o sofrimento dos
inocentes, para tal há necessidade da observância do nível das classes numa
sociedade para o consenso no diálogo, talvez seria a causa das classes a origem
da injustiça. Seja a responsabilidade da educação, no qual uma sociedade que
pretende que seja uma sociedade agrária devera cultivar uma educação agrária.
Rousseau aponta que o homem é bom por natureza e que a educação que lhe é
fornecida na sociedade é o factor da sua dignidade e a formação do seu
espírito. Seja a educação a lanterna que pode nos tirar da menoridade para
maioridade.
A paz na sua globalidade envolve muitos
factores no qual talvez seja necessário o campo da abordagem filosófica que é a
ética.
2.5.
A crise da ética, Multiculturalismo e o debate Liberal para a Paz.
A ética sendo um campo filosófico que se
preocupa no estudo da moralidade das sociedades, ela distinguem o bem e o mal,
determina os postulados sociais para o bem da sociedade. A crise da ética em um
regime social acarreta uma serie das distorções a seus membros, bem grave é a
perda da liberdade que acontece em troca de perfilamento muitas vezes
compulsória ou subjacente das pessoas a ideologia do sistema. Ser livre é um
direito natural que o homem tem. (GALVAO, 2001: 30-32)
A sociedade liberal é aquela que
tenta realizar, no maior grau possível, certos bens ou princípios de direito.
Poderíamos pensar nela como uma sociedade que tenta maximizar os bens da
liberdade e do auto-governo colectivo em conformidade com direitos fundados na
igualdade. (Tylor. 2000: 259)
A questão da liberdade encontramos na
sua extensiva abordagem, a liberdade ética que Galvão se refere é de fazer o
que é bom, o que tem valor social. A questão das desigualdades seria uma
iniciativa da crise da ética, que traz com ela o neo-liberalismo, que o centro
é o mercado e por conseguinte o consumo e que o neo-liberalismo traz com ela as
desigualdades sociais, parece que Galvão estaria a que a acusar o capitalismo
como responsável da crise da ética e quando traz a exclusão social gera a
desigualdade.
“É
preciso que ao fazer as leis e ao julgar nossos congressistas e juízes de
tribunais se apercebam que num pais que tem um salário mínimo como o nosso seus
ganhos são pouco éticos ” Galvão citando Jornal
do Brasil: porque a ética foi jogada ao escanteio? 15/05/1992
O
capitalismo visando o lucro, e a superação torna-se pouco ético a medida em que
admite quaisquer medidas para a obtenção dos seus objectivos, alem da carente
da ética. (ibidem: 52)
Os capitalistas liberais rejeitam o
valor ético da solidariedade como provimento de um sentimento pequeno e
primário. “É errado querer solidariedade
numa sociedade de consumo” (ibidem: 69)
O egoísmo actual verifica-se através da
divisão das classes e a falta de nivelamento nas oportunidades entre as classes
sociais e que acarreta nela crise de valores morais, o espírito humano fica
tomado da astúcia e a maldade torna-se o fulcro da menoridade que o homem se
enterra, a Filosofia da Paz só poderá ser implantada e ter o seu sucesso neste
mundo em quanto a sociedade passar necessariamente por uma relação horizontal
porque na relação vertical o homem não crê na possibilidade de satisfazer os
direitos do outrem. Apesar da consciência de enorme dificuldade que o homem pode-se
libertar na menoridade de guerras para a maioridade de Paz perpétua. A originalidade
da convivência do homem será alcançada visto que a historia nos ensina os
aspectos marcantes na passagem da idade medieval para idade moderna, em que o
homem liberta-se do dogma.
Para os Liberais como DEWEY, a vida boa é
um modo de vida de interacção com o mundo, e de resolver problemas que conduz
ao progresso, crescimento individual e de transformação social. Dewey diz que a
democracia liberal é um mecanismo politico, a democracia liberal é forte quando
toda sociedade esta imbuída do espírito de democracia, na família, escola, instituições,
negócios, industrias, de modo que se torne instrumento do crescimento humano e
de libertação. (Tylor. 2000: 106)
O multiculturalismo do ponto de vista
liberal, uma pessoa tem o direito de reivindicar o reconhecimento igual antes
de tudo pela razão da sua identidade humana universal e potencial e não pela
razão de uma identidade étnica, a nossa identidade universal é a mais
importante do que a identidade particular. (idem)
Para a estabilidade da Paz, deve-se dar
resposta o realismo politico e em seguida o direito dos povos deve ter um
processo paralelo que leve as pessoas inclusive as sociedades liberais e
decentes a aceitar a boa vontade das normas jurídicas, porque assim os povos
desenvolvem a confiança mutua, a medida em que o tempo vai passar passa a
aceitar a lei como um ideal de conduta. (RAWLS. 2004: 56-57)
Conclusão
e considerações finais
Kant acredita o homem que esta em
condições de erguer uma Paz Perpetua num total de acordos que possam lhe guiar,
para tal as teorias da Paz surgiram para a materialização da saída de uma Filosofia
da guerra para a Filosofia da Paz desde o Século. XIII.
Assim sendo as guerras que existiram e que
encabeceiam a história universal ate hoje encontramos no nosso seio uma
evolução dos problemas e que não cabe ao divino para a tal responsabilidade de
assumir a postura humana na preservação dos factos reais que possam a agradar
toda a sociedade, por conseguinte Galvão observa que as classes sociais
existentes hoje acompanhadas pelo neo-liberalismo, é factor das desigualdades,
quer moral; económica; social; politica, neste contesto este factor da
desigualdade está sendo mais notório no seio da humanidade.
Feita a desconstrução das teorias que
possibilitam a paz, as reflexões elaboradas, o seu sentido é de reconhecer as
teorias e fazer agir o nosso posicionamento como homens com valores e
dignidade, só assim podemos encontrar as possíveis soluções da problemática. A
relação vertical das classes sociais, em quanto na sociedade prevalecer a Paz
Perpetua torna-se utopia visto que promove as desigualdades e coloca num
escanteio os valores morais, dando efeitos nefastos no seio da humanidade.
Portanto o respeito a vida é nela que podemos convergir as nossas reflexões da
paz.
Referencias
Bibliografia
·
Bibliografia
Principal
KANT, Immanuel. A
Paz Perpetua e outros Opúsculos. 6ª Ed. Lisboa, 2008.
·
Bibliografias
Secundarias
CESCON, Everaldo et NODARI, Paulo Cesar,
Filosofia, Ética e Educação: por uma cultura de Paz. São Paulo. Paulinas,
2011
GALVAO, António Mesquita. A Crise da
Ética: o Neo-liberalismo como causa da
exclusão social. 4ª. Ed, Vozes Editora, 2001
HEGEL, Georg William Friederich, A Razão na Historia.
2ª Ed. Conexão na Historia. 2001
RAWLS, John. A Justiça como Equidade:
uma reformulação. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2003
____________________, O Direito dos
povos. Martins Fontes, São Paulo, 2004
ROUSSEAU, Jean Jeacques, Discurso
sobre as Origens das Desigualdades. Edição Ridendo Castigat Mores, Brasil
editora Electrónica, 2002.
TYLOR, Charles, Argumentos
Filosóficos. Edições Loyola, São Paulo, 2000
OLIVEIRA, Ariana Bazzano, simpósio em relações internacionais do
programa de pós- graduação em relações internacionais San Tiago Dantas
(UNESP, UNICAMP e PUC-SP), 2007
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