O racionalismo crítico
de Popper e a epistemologia pós-popperiana.
Embora
se fale de ciência ou de conhecimento científico em geral, a prática mostra que
a ciência se desenvolve e se manifesta em diversos domínios autónomos, de tal
modo que cada um destes domínios constitui uma ciência. Assim, podemos falar da
Física, Biologia, Historia, Matemática, etc. Como sendo ciências autónomas, e,
ao mesmo tempo, interdependentes. Portanto, não há uma só ciência, mas diversas
ciências que apresentam aspectos comuns, os quais nos permitem classifica-las e
agrupa-las. (CHAMBISSE, 2004: 112)
Karl
Raimund Popper nasceu em Viena em 1902 e morreu no dia 17 de Setembro de 1994,
critico em relação ao neo-positivismo, à Escola de Frankfurt e à filosofia
analítica é maior filósofo da ciência do século XX e defensor da sociedade
aberta (Estado Democrático). Ele nega o progresso científico considerado como
acumulação de conhecimento. Ele diz que a ciência analisa e critica as teorias
anteriores, e dá lugar as novas teorias com a nova realidade cientifica. De
acordo com Popper a ciência não é acumulativo, pois é feito através das
revoluções intelectuais e científicas. A verdade é um ideal regulador, e é
nisso que consiste o progresso da ciência, que conheceu obstáculos
(epistemológicos, ideológicos, económicos). Popper diz que temos um critério de
progresso: uma teoria pode aproximar-se mais da verdade do que outra. Ele
defende que o desenvolvimento da ciência conhece momentos de descontinuidade,
ou seja, rupturas que separam uma fase da outra. Na ciência uma teoria ou
conjunto de teorias funcionam sempre ligadas a um princípio geral (o
paradigma). As ciências empíricas são sistemas de teorias. A Lógica do
conhecimento científico pode ser apresentada como uma teoria de teorias.
(POPPER, 1934:61)
Para
Popper uma teoria é valida até o momento em que é refutada, mostrando-se a sua
falsidade. Somente a falsidade de uma teoria pode ser provada, mas nunca a sua
veracidade. Outro ponto destacado por Popper em suas reflexões sobre o
conhecimento científico foi que a mente não é uma «tábua rasa» como pensam os
empiristas. Para Popper, não existe observação pura, pois todas as observações
são sempre realizadas à luz de pressupostos e de teorias prévias que o
cientista traz consigo. E elas se confirmam ou não a partir da sua observação.
O racionalismo crítico é a forma mais recente de racionalismo, defende uma
razão aberta, porque disponível à crítica, que progride por conjecturas e
refutações. Para eliminar os erros das teorias é necessária sujeita-las à
refuntabilidadede. Nenhuma teoria pode aspirar a uma validade que não seja
provisória. Enquanto resistir a experiencia e observações conduzidas com vistas
à sua falsificabilidade, é verdadeira. Nesse sentido, a demarcação entre a
ciência e metafísica não se baseia na distinção entre lógica indutiva e
discurso especulativo, mas sim no facto de a ciência ser testavel e, como tal,
falsificável, enquanto a metafísica não pode ser submetida a testes. A guerra
contra a metafísica reduziu a ciência a prática observável. Mas toda a prática
observável requer a aplicação de alguma teoria, e esta conjuga se
dialecticamente com a experiência numa colaboração entre a razão e os sentidos,
tal como defende o construtivismo (Idem)
1.1.Critica
ao método indutivo
Segundo
Popeer as hipóteses são conjecturas inventadas como tentativas de solução dos
problemas. As hipóteses são frutos de esforços criativos, e não resultados de
procedimentos rotineiros. Para ele, indicação não existe: não se verifica a
indução por repetição. A teoria valida, basta eliminar todas as teorias falsas
propostas como solução do problema; mas as teorias propostas para a solução de
um problema são, em linha de princípio, infinitas, motivo pelo qual o
procedimento da indução eliminatória é inexequível. Portanto, segundo Popper,
não existe procedimento indutivo, e a ideia da mente como tábua rasa é um mito.
(REAL 2006:142)
Para
Karl Popper, a pesquisa não parte de observações, mas sempre de problemas. Um
problema é uma expectativa desiludida. Em sua natureza lógica, um problema é
uma contradição entre afirmações estabelecidas. A pesquisa, portanto, inicia-se
com os problemas; buscamos precisamente a solução dos problemas. E para
resolver os problemas, é necessária a imaginação criadora de hipóteses ou
conjecturas; precisamos de criatividade, da criação de ideias “ novas e boas”,
boas para a solução dos problemas. Ele critica o método indutivo e defende o
método dedutivo. No passado o termo “indução” era usado principalmente em dois
sentidos: indução repetitiva ou por enumeração; e indução por eliminação. A
ideia de Karl Popper é que ambos os tipos de indução caem por terra. Escreve: “
A primeira é a indução repetitiva, que consiste em observações repetidas,
observações que derivam fundamentar algumas generalizações da teoria. (Idem)
1.1.2.
A demarcação da ciência e não-ciencia
Com o princípio de
verificação, os neo-positivistas pretenderam estabelecer uma linha de
demarcação entre linguagem sensata e a linguagem insensata. Diversamente dos
neo-positivistas, Karl Popper propõe seu critério de falsificabilidade como critério
de demarcação entre ciência empírica e não-ciencia: uma teoria pertence à
ciência empírica apenas se puder ser desmentida ou falsificada pelos factos. A
asserção “chove ou não chove” jamais poderá ser desmentida; ao passo que a
proposição: amanha chovera aqui” pode ser desmentida (por um sol que brilha o
dia inteiro). Segundo Karl Popper, a pesquisa é impossível sem ideias
metafísicas. Do ponto de vista histórico, as ideias que antes flutuavam nas
regiões metafísicas mais altas podem ser alcançadas com o crescimento da
ciência e postas em contacto com ela, podem concretizar. Poucas teorias
metafísicas exerceram maior influencia sobre o desenvolvimento da ciência do
que a afirmação puramente metafísica de que existe uma substancia que pode
transformar os metais vis em ouro, afirmação que, se não é falsificável, nunca
foi verificada e na qual ninguém mais acredita. (CHABISSE, 2004:110/12)
1.1.3.
O método científico e as teorias críticas
Todo
o método científico se reduz a três palavras: problemas-conjecturas-tentativas
de refutação. Popper diz que inventamos teorias para poder resolver problemas;
e depois submetemos essas teorias ao controle dos fatos. Dada a assimetria
lógica que existe entre verificação e falsificação de uma teoria (milhões de
confirmações não tornam certa uma teoria; um facto contrario logicamente a
destrói; cem milhões de confirmações não tornam certa a teoria “ todas as
madeiras flutuam na agua”; um só pedaço de ébano que é madeira e que afunda –
falas a teoria “ todas as madeiras flutuam na agua”), todo controle serio de
uma teoria se resolve em uma tentativa de falsifica-la. E a descoberta do erro
põe a comunidade cientifica na necessidade de propõe a prova uma teoria melhor
do que a precedente, uma teoria com maior poder explicativo e previsível. Karl
Popper nega o progresso científico considerado como acumulação de conhecimento.
Ele diz que a ciência analisa e critica as teorias anteriores, e dá lugar as
novas teorias com a nova realidade cientifica. De acordo com Popper a ciência não
é acumulativo, pois é feito através das revoluções intelectuais e científicas.
Segundo
ele, a verdade é um ideal regulador, e é nisso que consiste o progresso da
ciência, que conheceu obstáculos (epistemológicos, ideológicos, económicos).
Popper diz que temos um critério de progresso: uma teoria pode aproximar-se
mais da verdade do que outra. Ele defende que o desenvolvimento da ciência
conhece momentos de descontinuidade, ou seja, rupturas que separam uma fase da
outra. Na ciência uma teoria ou conjunto de teorias funcionam sempre ligadas a
um princípio geral (o paradigma). As ciências empíricas são sistemas de
teorias. A Lógica do conhecimento científico pode ser apresentada como uma
teoria de teorias. (POPPER, 1934:61)
Assim como existem as teorias científicas que respondem a
problemas científicos, também existem as teorias filosóficas que respondem a
problemas filosóficos: se a ciência pode oferecer teorias certas ou não; se a
historia humana tem um sentido ou não; se as teorias se obtêm por indução ou
por outro caminho; se os valores éticos são racionalmente fundados ou se e
racionalidade das teorias filosóficas apenas se oferecem, ao contrario, a nossa
escolha responsável; quais são os fundamentos da democracia; se e valido o
determinismo ou então o indeterminismo; se o cérebro esta em grau de expiar a
mente; se o futuro e previsível ou não etc. As teorias filosóficas existem; são
sensatas; algumas delas são humana e socialmente da máxima importância; de
algumas teorias filosóficas brotaram teorias científicas (pense-se no atomismo antigo
e na teoria atómica actual). As teorias filosóficas, em todo caso, são
filosóficas enquanto não são falsificáveis, todavia, existem teorias
filosóficas que são racionais. As teorias filosóficas são racionais quando são
criticáveis; e são criticáveis quando podem se chocar contra alguma teoria
científica, algum teorema matemático, algum resultado de Lógica ou alguma outra
teoria metafísica, aquisição das teóricas na época bem consolidadas e as quais
não estamos dispostos a renunciar.
Para Karl Popper o
critério de falsificabilidade não é um critério de significância, mas, é um
critério de demarcação entre assertivas empíricas e assertivas não empíricas.
Entretanto, dizer que uma assertiva ou conjunto de assertivas não é científico
não implica em absoluto dizer que ele é insensato. As teorias científicas são e
permanecem falsificáveis; e a história da ciência nos apresenta um número muito
grande de teorias falsificadas, ao menos à luz do que hoje pensamos saber. Pois
bem, as teorias falsas que tratam dos mesmos problemas e que, portanto,
resultam confrontáveis. Popper propõe julga-las por meio de um critério de
verossimilidade capaz de fazer tomar uma decisão adequada sobre qual seja entre
teorias falsificadas a melhor, mais semelhante ao verdadeiro ou menos falsa,
mais rica de conteúdo informativo, com maior poder explicativo e previsivo.
(REAL, 2006: 147).
1.1.4.
Popper contra o historicismo, o materialismo histórico e dialético
Popper critica o historicismo, ou seja, todas as filosofias que
pretendem ter captado o sentido da história humana: o futuro não e previsível
também porque não são previsíveis os desenvolvimentos da ciência, dos quais
depende Contra historicismo, o materialism0 em grande parte a ordem da
sociedade. Critica o materialismo histórico enquanto não e verdade que o
aspecto económico e sempre determinante no desenvolvimento dos fatos sociais.
Critica o materialismo dialéctico, porque, se não por outro motivo, histórico e
um erro pernicioso confundir contradição das lógicas e contrastes e o
materialismo dialéctico reais. Critica, mais amplamente, o marxismo enquanto,
embora tenha nascido como ciência (com suas previrdes controláveis: teria
estourado a reevocação nos países mais industrializados, teriam desaparecido as
classes medias etc.), por alguns de seus representantes de prestígio foi imunizado pela critica, e
terminou como "metafísica cruel". (REAL, 2006: 150)
Na opinião de Popper,
as maiores ideias humanitárias são constituídos pela justiça e pela liberdade.
Mas ele constrói uma hierarquia em que a liberdade vem antes da justiça, já
que, em uma sociedade livre, mediante a crítica intensa e reformas sucessivas,
também se poderá caminhar para a justiça, ao passo que, na sociedade fechada,
na tirania ou na ditadura, onde não é possível a crítica, a justiça tampouco
será alcançada. O racionalismo atribui valor à argumentação racional e à
teoria, bem como ao controle com base na experiencia. (REAL 2006:144-146)
O racionalismo pode se
acompanhar de uma atitude humanitária, muito melhor do que o irracionalismo,
com sua rejeição da igualdade dos direitos. A igualdade diante da lei não é um
fato, e sim uma instância política que repousa sobre opção moral. A fé na
razão, inclusive na razão dos outros, implica a ideia de imparcialidade, de
tolerância, de rejeição de toda pretensão autoritária. (Idem)
1.1.5. A sociedade aberta e seus inimigos
Marx e, antes dele, Hegel e, na antiguidade, Platão, são inimigos
da sociedade aberta. A sociedade aberta e a dirigida por instituição das
(regras da democracia) que permitem a convivência do maior numero possível de
ideias, de ideologias, A sociedade de valores, do mundo filosóficas ou
religiosas. A convivência do maior número possível do mundo e valores aberta
diferentes, mas nem de todos: a sociedade aberta e fechada e seus inimigos nas
para os intolerantes. Platão envenenou toda a teoria política do Ocidente, ao perguntar:
"quem deve governar?" Ele respondeu que os filósofos devem governar
(aqueles que conhecem a verdade e que sabem o que e o bem). Depois dele
aparecem as mais variadas respostas: devem governar os religiosos, os
militares, os técnicos; deve governar esta ou aquela raça, esta ou aquela
classe. Pois bem, Popper sustenta que a pergunta platónica é simplesmente irracional;
ele nos manda buscar aquilo que não existe: não existe nem um indivíduo, nem um
grupo, nem urna classe, nem urna raça que tenham vindo ao mundo com o atributo
da soberania sobre os outros.
A
sociedade aberta opõe-se a sociedade fechada, que é uma sociedade totalitária,
concebida organicamente e organizada tribalmente segundo normas não
modificáveis. A sociedade aberta, em contrapartida, baseia-se no exercício da
razão humana, como sociedade que não apenas tolera como também estimula no seu
interior e por meio de instituições democráticas a liberdade dos indivíduos e
dos grupos, tendo em vista a solução dos problemas sociais, ou seja, as
reformas contínuas. Nestas, os governados tem a possibilidade efectiva de
criticar os seus governantes e de os substituir sem derramamento de sangue e
sem que isso signifique que o democrática deva aceitar a ascensão do
totalitário ao poder. Popper admite a possibilidade da revolução violeta, a
qual só é justificada se for para derrubar um tirano. (IDEM)
Capitulo
II
A
epistemologia pos-popperiana
2. Thomas
Kuhn e a estrutura das revoluções científicas
Kuhn
diz que temos uma revolução científica quando o velho paradigma é substituído
por um novo paradigma; o caso exemplar de revolução científica é a
coperniciana, m que a concepção geográfica é substituída pela heliocêntrica Kuhn descreve a passagem a um novo paradigma (da astronomia ptolemaica coperniciana, por exemplo) como urna reorienta-se
gestaltica: quando abraça um novo paradigma,
por exemplo, a comunidade científica manipula
o mesmo número de dados que antes, mas inserindo-os em relações diferentes de antes disso, a passagem de um paradigma a outro, para Kuhn, constitui urna
revolução científica. Mas e esse um dos problemas mais candentes suscitados por Kuhn como ocorre a passagem de um paradigma
para outro? Essa passagem realiza-se por motivos
racionais. Pois bem, Kuhn afirma que
"paradigmas sucessivos nos dizem coisas diferentes sobre os objectos que povoam o universo e sobre o
comportamento de tais objectos". E "precisamente por se tratar de uma
passagem entre incomensuráveis, a passagem de um paradigma para outro, oposto
se pode realizar com um passo cada vez, nem
imposto pela 1ogica ou por uma experiência,
neutra.
Como a reorientação gestaltista, ela deve se dar toda de uma vez
realizarias de modo nenhum". Assim, talvez Max
Planck tenha raiz quando, em sua Autobiografia, fez questão de observar com
tristeza que "uma nova verdade cientifica n5o triunfa convencendo seus
opositores e fazendo-lhes ver a luz, e sim muito mais porque seus opositores
acabaram por morrer, e cresce urna nova geração ela habituada". Para outra
realidade, Kuhn afirma que "a transferência da confiança de um paradigma para
outra experiência não pode ser imposta pela força". Mas então por que, e
em que bases, se verifica essa experiência de
conversão? 0s cientistas em particular abraçam um novo paradigma por todo tipo
de raízes e habitualmente, por vária raiz ao mesmo tempo. Algumas dessas raízes
como, por exemplo, o culto ao sol, que contribuiu para converter Kepler ao
copernicanismo encontram-se completamente fora da esfera da clínica. Outras
raízes podem depender de autobiográficas e pessoais na nacionalidade ou a reputação
anterior do inovador e de seus mestres pode, por vezes, desempenhar papel
importante. Provavelmente, a pretensão mais importante posta pelos defensores
de um novo paradigma seja a de estar em condições de resolver os problemas que
levaram o velho paradigma em crise. Quando pode ser posta legitimamente, essa
pretensão constitui frequentemente a argumentação a favor mais eficaz Alem
disso, deve-se considerar que, por vezes, a aceitação de um novo paradigma não
se deve ao fato de que ele resolve problemas que o velho paradigma não consegue
resolver, e sim a promessas que dizem respeito a outros campos. E existem
cientista ou um grupo de cientistas a aceitar um paradigma. Entretanto, afirma Kuhn,
"nos debates sobre os paradigmas não se discutem realmente suas
respectivas capacidades para resolver os problemas, ainda que, com razão,
normalmente sejam utilizados termos que a eles se refiram.0 ponto em discussão,
ao contrario, consiste em decidir que paradigma deve guiar a pesquisa no
futuro, em torno de problemas que, muitas vezes, nenhum dos dois competido responde
ainda pretender seja capaz de resolver completamente. E preciso decidir entre
formas alternativas de desenvolver a actividade cientifica e, dadas as
circunstâncias, essa descrição deve-se basear mais nas promessas futuras do que
nas conquistas passadas. (Idem)
2.1.
Imre Lakatos e a metodologia dos programas científicos de pesquisa
Para lmre Lakatos (1922-1974) - pensador de origem hungara, depois
aluno e sucessivamente colega de Popper na London School of Economica cihcia ,foi
e deveria ser uma competição entre programas
de pesquisa rivais. Um programa de pesquisa (por exemplo, o copernicanismo,
o mecanicismo de Descartes ou o de Newton, a teoria evolutiva de
Darwin etc.) e constituído por um núcleo central (por exige foi e deveria no
caso do copernicanismo, e a ideia de que o sol esta no centro do universo) que
se mantém infalsificavel por decisão metodológica, enquanto a heurística
negativa indica ao pesquisador anuais caminhos evitar, e a heurística wositiva
indica anuais programas caminhos seguir. Pesquisas rivais não devem fazer
morrer uma teoria de doença infantil; uma boa teoria tem necessidade de alento
para mostrar seu valor.
Eis, então, que a heurística negativa constitui um cinto protector
contra fatos que de outra forma feririam o núcleo (o hard-core do programa); enquanto
a heurística positiva leva aos desenvolvimentos sucessivos da teoria (por
exemplo, o desenvolvimento da teoria heliocêntrica de Copérnico a Galileu, a
Kepler e a Newton). Um programa de pesquisa deve ser mantido enquanto e
progressivo, se ao menos parte de suas previsões teóricas recebem confirmação,
ou seja, se ele consegue predizer algum fato novo. Um programa que corre atrás
dos fatos e regressivo ("que fato novo predisse o marxismo, digamos, desde1917?").
(Idem)
2.2. A epistemologia anárquica de Feyerabend
Paul K. Feyerabend (1924-1994), escreveu o texto clássico do
anarquismo epistemológico. Feyerabend contesta a existência de um método que
"contenha princípios firmes, imutáveis e absolutamente vinculantes como
guia na actividade científica". E isso, a seu ver, aparece com toda clareza
quando estes princípios por exemplo, os formulados por Popper ou também as
regras por Lakatos são colocados em confronto com a efectiva história do método
da ciência. Foram e por vezes devem ser violadas, se quisermos progresso na
ciência.
O Progressos significativos na ciência aconteceram apenas porque
"alguns pensadores ou decidiram não se deixar vincular por certas normas
metodológicas "óbvias", ou porque involuntariamente as
violaram"; por exemplo, adoptando hipóteses, aceitando hipóteses com menor
conteúdo informativo do que outras, ou ate adoptando hipóteses contraditórias.
Feyerabend procura confirmações de sua epistemologia anárquica no caso Galileu.
Em sua opinião, não se deve pensar em um progresso da ciência dominável ou em
todo caso reconstruirei com meios lógicos (teorias incluídas em, excluídas de,
ou entrecruzadas com outras teorias), uma vez que as partes mais avançadas e
mais gerais da ciência são incomensuráveis. (Idem)
Bibliografia
CHAMBISSE,
Ernesto Daniel. A Emergência do Filosofar, 1ª ed., Moçambique Editora,
Maputo, 2004
REALE,
Giovanni & ANTISERI, Dário. História da filosofia, v. 7: de Freud à
actualidade. São Paulo: Paulus, 2006.
POPPER,
Karl Raimund. A lógica da pesquisa científica. Editora cultriz, São
Paulo, 1934.