O
Sujeito Pós-Moderno na Sociedade de Risco: Perspectivas
e Desafios da Globalização face ao HIV/SIDA.
Armindo
Armando[1]
Email:
armandoarmindo21@gmail.com
01.12.2016,
Dia Internacional de Combate ao HIV/SIDA.
Resumo.
A sociedade em
que estamos é uma sociedade cuja percepção de risco é uma realidade e o tipo de
homem que temos que valora o individualismo, a perda da ética social e a desintegração
das meta narrativas fazem com que o sujeito pós-moderno encontre o modos vivendo
que faz com que a noção de risco seja um problema global. O sujeito pos-moderno
é um ser desintegrado e se caracteriza pela arte de iniciativa individual,
assim sendo trata-se de um homem que o risco é uma virtude motivada pela falta
de asilo nos momentos de tédio, a percepção de que não existe espaço em que o
homem possa se sentir seguro, acto que lhe leva o homem pos-moderno a conviver
com o risco como a natureza, todavia é o sujeito pos-moderno que vai globalizar
o risco e o sentimento de propagação de índices de HIV/SIDA, não esta
preocupado pela prevenção mais sim pela satisfação dos prazeres que o mesmo
homem tem independentemente do nível de risco, é um homem que comete o risco
sem a noção das suas consequências. A globalização é chamada a ser um dos
factores de identidade do sujeito pos-moderno visto que é uma das meta
narrativas que faz com que a cultura alheia nos comova e possamos nos identificar
com ela associada aos níveis de práticas capitalistas.
Palavras-Chave:
Sujeito Pos-Moderno; Sociedade de Risco; Globalização;
HIV/SIDA.
Considerações Iniciais.
O
presente ensaio faz uma reflexão e contextualização em torno da periodicidade
actual em que nos encontramos que por de traz de diversas análises o mesmo pode
ser compreendido como era da globalização, era da pos-modernidade; momentos da
sociedade de risco e por de traz destas analises analisamos os impactos de relação
existente entre as manifestações vigentes diante destes conceitos, buscamos
interpretar e reflectir face a pandemias que assola a nossa humanidade com
vista a analisar o modo de se comportar o sujeito pós-moderno, que é aquele
homem que abraçou as características da pos-modernidade e faz dela um modo de
vida. Para a produção do artigo, recorremos a análise bibliográfica contendo
nele quatro facetas de abordagem.
Concepção da pos-modernidade.
Pos-modernidade é o nome dado as mudanças ocorridas
no campo artístico, cultural, social desde 1950. A ideia da pos-modernidade
surgiu pela primeira vez no mundo hispanico, superando as limitações que tinha
a modernidade em um contexto da periodicidade histórica da antiguidade,
medieval, modernidade e contemporânea. O concito pos-modernidade se expande
quando Francois Lyotard Publica o livro: A condição pós-moderna. (Anderson,
1999, p. 101).
A modernidade caracterizada por um paradigma
vinculativo esteve associada a características de superação da identidade
medieval, pelo domínio da técnica e ciência; superação dos regimes totalitários
introduzindo as democracias; valoração da razão.
A
referência necessária do “pós-moderno” é o próprio “moderno”. Se há
pouquíssimas certezas sobre o que, de fato, é proposto em suas múltiplas
perspectivas, o questionamento do paradigma moderno é uma das poucas convicções
pós-modernas. Sua conceituação está relacionada à ideia de modernidade.
Segundo o francês Jean-François Lyotard, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam
caído em descrédito e não haveria mais "garantias", posto que mesmo a ciência já não poderia ser considerada como a fonte da
verdade.
Características da pos-modernidade.
A
era pós-moderna é um tempo de opção incessante. É uma bera em que nenhuma
ortodoxia pode ser adoptada sem constrangimento e ironia, porque todas as
tradições aparentemente têm alguma validade. O pluralismo, é a grande
oportunidade: quando Todo Homem se torna cosmopolita e, Toda Mulher, um
Indivíduo Liberado, a confusão e a ansiedade passam a ser estados dominantes de
espírito (JENCKS apud KUMAR, 1997, p.15)
Sujeito Pos-modernidade.
O
homem pós-moderno é esquizóide, permeável a tudo, fluído e fragmentado, é desta
forma que ele se comporta socialmente (ROUANET, 1987).
Uma
pós-modernidade social se manifesta no plano do cotidiano por uma onipresença
do signo e do simulacro, do vídeo e de um “êxtase da comunicação”. A mídia
criou uma nova realidade eletrônica saturada de imagens e símbolos. Mas,
diferentemente das convencionais, os simulacros são “cópias sem originais”. O
mundo social se desmaterializa, surge então a hiper-realidade na qual não se
pode mais distinguir o imaginário do real, nem o signo do seu referente
(BAUDRILLARD, 1998).
O
pós-modernismo valoriza sociedades multiculturais e multiétnicas, enfatizando a
diferença na qual a identidade não mais será unitária nem essencial, mas fluída
e mutante, alimentada por fontes múltiplas e assumindo formas também múltiplas (KUMAR,
1997).
Características do Sujeito
Pos-Moderno e da Modernidade.
·
Cepticismo
vs. Individualismo;
·
Moicro-narrativa
·
Libertinagem
como ética e padrão social de convivência.
·
Dessenso.
·
Banalização
do quotidiano.
A noção de sujeito sociológico se tornou a concepção sociológica clássica da questão, a identidade é
formada na “interação” entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo
ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado num
diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as identidades que
esses mundos oferecem.
O sujeito pós-moderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou
permanente. A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e
transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados
ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987).
O sujeito assume
identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são
unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades
contraditórias, empurrando em diferentes direcções, de tal modo que nossas
identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma
identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos
uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu” (veja
Hall, 1990). A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é
uma fantasia.
TEORIA DA SOCIEDADE DE
RISCO.
A teoria da sociedade de risco
é desenvolvida nos ditames da vulnerabilidade em que o homem esta associado visto
que o risco é cada vez mais prevalecente na nossa realidade, que acaba sendo
uma representação do perigo, ela “designa, ao mesmo tempo, tanto um perigo
potencial quanto sua percepção e indica uma situação percebida como perigosa na
qual se está ou cujos efeitos podem ser sentidos”
Beck, defende a ideia de que a
modernidade (considerada por muitos como pós-modernidade). Segundo ele, vivemos
um momento de transformação da sociedade industrial clássica, caracterizada
pela produção e a distribuição de riquezas, em uma chamada sociedade
(industrial) de risco, na qual a produção dos riscos domina a lógica da
produção de bens.
Dentro dessa nova concepção
produtiva, os riscos seriam mais democráticos e globalizados, tornando a
repartição mais equalizada. Embora admita que muitos riscos possam ainda ser
distribuídos conforme a classe social, Beck não concebe mais as ameaças como
situações de classe. Para Beck, os riscos são produtos, ao mesmo tempo, reais e
irreais, por aliarem danos e perigos já ocorridos.
Beck entende a sociedade de
risco como um mundo de incertezas fabricadas, através de inovações tecnológicas
e respostas sociais mais aceleradas, produzindo um novo cenário de risco
global, de incertezas não quantificáveis. Longe de denotar controle, a
sociedade de risco simbolizaria, de certo modo, uma era de descontrole pelo
fato de os riscos civilizatórios escaparem à percepção, baseando-se
principalmente, como exemplifica Beck (2), “na esfera das fórmulas
físico-químicas (por exemplo, toxinas nos alimentos ou a ameaça nuclear)”.
Na área de epidemiologia, o
risco representa uma realidade objetiva e mensurável, passível de cálculo. A
criação de indicadores de risco para medir a morbidade (taxa de portadores de
determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local
e momento) é um bom exemplo para se pensar na simbologia da transformação das
incertezas em probabilidades e na normatividade dessas definições
cientificamente construídas. Neste sentido, as análises de Beck nos ajudam a
entender um pouco mais a respeito não só da necessidade humana de querer
controlar o mundo frente às inseguranças com as quais a sociedade diariamente
se defronta, mas também da própria impossibilidade desse controle total.
A consciência do risco global cria espaço para futuros alternativos,
modernidades alternativas. Os riscos globais abrem um novo espaço de discussão
moral e política capaz de fazer surgir uma cultura civil de responsabilidade
globalizada.
Os riscos atravessam a auto-suficiência das culturas, idiomas, religiões e
sistemas, fazendo com que pessoas e nações que não gostariam de se relacionar
passem a se comunicar em prol de um objetivo comum.
Quem olhar o
mundo como um risco de terror torna-se incapaz de agir. Se nos encaramos sobre
a necessidade de opção entre a liberdade e a sobrevivência será demasiado tarde
pois a maioria das pessoas escolhera situar-se contra a liberdade, por isso, o
maior perigo não é o risco mas a percepção de risco que liberta as fantasias de
perigo e antídotos sobre ela roubando desta maneira a sociedade moderna e a sua
liberdade de acção. (Beck, apud Chevitares, 2005, p. 17).
A GLOBALIZACAO E SUA RELACAO COM A
POS-MODERNIDADE.
Segundo
Giddens (1991), A globalização pode assim ser definida como a intensificação
das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal
maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitos
milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialéctico porque tais
acontecimentos locais podem se deslocar numa direção inversa às relações muito
distanciadas que os modelam.
A globalização implica um movimento de
distanciamento da idéia sociológica clássica da "sociedade" como um
sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra
na forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço"
(Giddens, 1990, p. 64).
CARACTERÍSTICAS
DA GLOBALIZAÇÃO
A
globalização caracteriza-se pela interdependência do mundo, que não permite a
nenhuma Sociedade humana viver completamente isolada das demais. O
estabelecimento da produção e do comércio em redes mundiais pôs em relação
todas as partes do mundo de modo que qualquer alteração regional ou local pode
provocar, ou ter sido provocada, por um fenómeno ocorrido do outro lado do
mundo.
Uma outra
característica não menos importante é a compressão espaço-tempo, a aceleração
dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias
mais curtas, que os eventos em um determinado lugar têm um impacto imediato
sobre pessoas e lugares situados a uma grande distância.
Em
outras palavras podemos assim dizer que a globalização com o seu poder de
transformação tem características marcantes, segundo Manuel Castells (2002):
Ø As
novas tecnologias da informação está interligada são mundo em redes globais de instrumentalidade.
Ø Introduziu-se
uma nova forma de relação entre economia, Estado e sociedade em um sistema de
geometria variável.
Ø No
mundo de fluxos globais de riqueza, de poder e de imagens, a busca da
identidade colectiva ou individual, atribuída ou construída.
Ø A
tendência social e política são a construção da acção social e da política, em tornadas
identidades primárias, assim estão atribuídas ou enraizadas na história e na geografia
ou são de recente construção na busca do significado e espiritualidade.
Ø A
identidade está transformando-se na principal e às vezes única fonte de
significado em um período histórico caracterizado por uma ampla desestruturação
das organizações, deslegitimação das instituições, desaparecimento dos
principais movimentos sociais e expressões culturais efémeras.
GLOBALIZACAO E
HIV/SIDA: DESAFIOS.
A globalização é um fator de propagação do
vírus da Aids devido aos deslocamentos populacionais e à marginalização dos
mais pobres, afirma um estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho),
publicado nesta quarta-feira.
O estudo “HIV/Aids no Centro de Trabalho
em um Meio Ambiente Globalizado” reforça que algumas profissões apresentam
riscos mais elevados. “Devido a seus freqüentes deslocamentos, algumas pessoas
ficam muito mais expostas”, afirmou a autora do estudo, Odile Frank.
Segundo o estudo, três categorias estão mais expostas: os trabalhadores do setor dos transportes (muitas vezes distantes de suas famílias e de seu meio social), funcionários do turismo e da hotelaria e as pessoas que buscam trabalho, que muitas vezes vivem em condições difíceis.
Segundo o estudo, três categorias estão mais expostas: os trabalhadores do setor dos transportes (muitas vezes distantes de suas famílias e de seu meio social), funcionários do turismo e da hotelaria e as pessoas que buscam trabalho, que muitas vezes vivem em condições difíceis.
De forma geral, as pessoas mais expostas
são os jovens adultos, especialmente as mulheres, que não têm trabalho ou só
contam com um emprego precário. “A globalização, que exclui certas categorias
sociais e certos países, incide sobre a epidemia.
O estudo da OIT mostra que o vínculo entre
a pobreza e a Aids é um círculo vicioso. Os investimentos estrangeiros
diminuíram em todos os países africanos afetados pela epidemia. “A globalização
causou a marginalização de certos países e, conforme são excluídos, existe o
risco de que a epidemia não possa ser controlada”, continuou a especialista da
OIT.
Consideracoes Finais.
Hoje a sociedade assite um fenomeno
não habitual que pode ser classificado como insolito, desta feita este caracter
mostra o nivel de comprometimento para com o desenvolvimento de politicas de
combate a HIV/SIDA, pois são paradoxais visto que existem solucoes divergentes,
diante destas analises compreende-se que a Globalizacao faz com que a
problematica de HIV/SIDA associada a nocao de Risco e espirito pos-modernista
facam com que a epidemia seja uma realidade. O homem pos-moderno, compromete-se
em enfrentar o risco sem medir a sua consequencia visto que es no risco onde
encontra a sua realizacao.
Referencias Bibliograficas.
HALL,
Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A Editora, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2006
VATTIMO, Gianni. Sociedade Transparente. São Paulo, Ática, 1992.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Número
da edição, São Paulo, Editora da Universidade Estadual Paulista, 1991.
LYOTARD,
John, Frances. A pôs modernidade explicado as crianças. Edições Paulinas, 1999.
AYRES,
J. R. C. M. Vulnerabilidade e avaliação
de acções
preventivas. HIV/aids e abuso de drogas entre adolescentes.
Fac. de Medicina da USP, São Paulo, 1996.
[1] Licenciado em
Filosofia e Historia, Mestrando em Ciencias Politicas e Relacoes
Internacionais, Docente Universitario.