quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O Sujeito Pós-Moderno na Sociedade de Risco: Perspectivas e Desafios da Globalização face ao HIV/SIDA.

O Sujeito Pós-Moderno na Sociedade de Risco: Perspectivas e Desafios da Globalização face ao HIV/SIDA.   
Armindo Armando[1]
01.12.2016, Dia Internacional de Combate ao HIV/SIDA.   
Resumo.
A sociedade em que estamos é uma sociedade cuja percepção de risco é uma realidade e o tipo de homem que temos que valora o individualismo, a perda da ética social e a desintegração das meta narrativas fazem com que o sujeito pós-moderno encontre o modos vivendo que faz com que a noção de risco seja um problema global. O sujeito pos-moderno é um ser desintegrado e se caracteriza pela arte de iniciativa individual, assim sendo trata-se de um homem que o risco é uma virtude motivada pela falta de asilo nos momentos de tédio, a percepção de que não existe espaço em que o homem possa se sentir seguro, acto que lhe leva o homem pos-moderno a conviver com o risco como a natureza, todavia é o sujeito pos-moderno que vai globalizar o risco e o sentimento de propagação de índices de HIV/SIDA, não esta preocupado pela prevenção mais sim pela satisfação dos prazeres que o mesmo homem tem independentemente do nível de risco, é um homem que comete o risco sem a noção das suas consequências. A globalização é chamada a ser um dos factores de identidade do sujeito pos-moderno visto que é uma das meta narrativas que faz com que a cultura alheia nos comova e possamos nos identificar com ela associada aos níveis de práticas capitalistas.
Palavras-Chave: Sujeito Pos-Moderno; Sociedade de Risco; Globalização; HIV/SIDA.

Considerações Iniciais.
O presente ensaio faz uma reflexão e contextualização em torno da periodicidade actual em que nos encontramos que por de traz de diversas análises o mesmo pode ser compreendido como era da globalização, era da pos-modernidade; momentos da sociedade de risco e por de traz destas analises analisamos os impactos de relação existente entre as manifestações vigentes diante destes conceitos, buscamos interpretar e reflectir face a pandemias que assola a nossa humanidade com vista a analisar o modo de se comportar o sujeito pós-moderno, que é aquele homem que abraçou as características da pos-modernidade e faz dela um modo de vida. Para a produção do artigo, recorremos a análise bibliográfica contendo nele quatro facetas de abordagem.     
 Concepção da pos-modernidade. 
Pos-modernidade é o nome dado as mudanças ocorridas no campo artístico, cultural, social desde 1950. A ideia da pos-modernidade surgiu pela primeira vez no mundo hispanico, superando as limitações que tinha a modernidade em um contexto da periodicidade histórica da antiguidade, medieval, modernidade e contemporânea. O concito pos-modernidade se expande quando Francois Lyotard Publica o livro: A condição pós-moderna. (Anderson, 1999, p. 101).
A modernidade caracterizada por um paradigma vinculativo esteve associada a características de superação da identidade medieval, pelo domínio da técnica e ciência; superação dos regimes totalitários introduzindo as democracias; valoração da razão.
A referência necessária do “pós-moderno” é o próprio “moderno”. Se há pouquíssimas certezas sobre o que, de fato, é proposto em suas múltiplas perspectivas, o questionamento do paradigma moderno é uma das poucas convicções pós-modernas. Sua conceituação está relacionada à ideia de modernidade.

Segundo o francês Jean-François Lyotard, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam caído em descrédito e não haveria mais "garantias", posto que mesmo a ciência já não poderia ser considerada como a fonte da verdade.  
Características da pos-modernidade.  
A era pós-moderna é um tempo de opção incessante. É uma bera em que nenhuma ortodoxia pode ser adoptada sem constrangimento e ironia, porque todas as tradições aparentemente têm alguma validade. O pluralismo, é a grande oportunidade: quando Todo Homem se torna cosmopolita e, Toda Mulher, um Indivíduo Liberado, a confusão e a ansiedade passam a ser estados dominantes de espírito (JENCKS apud KUMAR, 1997, p.15)



Sujeito Pos-modernidade.
O homem pós-moderno é esquizóide, permeável a tudo, fluído e fragmentado, é desta forma que ele se comporta socialmente (ROUANET, 1987).
Uma pós-modernidade social se manifesta no plano do cotidiano por uma onipresença do signo e do simulacro, do vídeo e de um “êxtase da comunicação”. A mídia criou uma nova realidade eletrônica saturada de imagens e símbolos. Mas, diferentemente das convencionais, os simulacros são “cópias sem originais”. O mundo social se desmaterializa, surge então a hiper-realidade na qual não se pode mais distinguir o imaginário do real, nem o signo do seu referente (BAUDRILLARD, 1998).
O pós-modernismo valoriza sociedades multiculturais e multiétnicas, enfatizando a diferença na qual a identidade não mais será unitária nem essencial, mas fluída e mutante, alimentada por fontes múltiplas e assumindo formas também múltiplas (KUMAR, 1997).
Características do Sujeito Pos-Moderno e da Modernidade.
·         Cepticismo vs. Individualismo;
·         Moicro-narrativa
·         Libertinagem como ética e padrão social de convivência.
·         Dessenso.    
·         Banalização do quotidiano.
A noção de sujeito sociológico se tornou a concepção sociológica clássica da questão, a identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as identidades que esses mundos oferecem.

O sujeito pós-moderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987).
O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direcções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu” (veja Hall, 1990). A identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia.

TEORIA DA SOCIEDADE DE RISCO.
A teoria da sociedade de risco é desenvolvida nos ditames da vulnerabilidade em que o homem esta associado visto que o risco é cada vez mais prevalecente na nossa realidade, que acaba sendo uma representação do perigo, ela “designa, ao mesmo tempo, tanto um perigo potencial quanto sua percepção e indica uma situação percebida como perigosa na qual se está ou cujos efeitos podem ser sentidos”
Beck, defende a ideia de que a modernidade (considerada por muitos como pós-modernidade). Segundo ele, vivemos um momento de transformação da sociedade industrial clássica, caracterizada pela produção e a distribuição de riquezas, em uma chamada sociedade (industrial) de risco, na qual a produção dos riscos domina a lógica da produção de bens.
Dentro dessa nova concepção produtiva, os riscos seriam mais democráticos e globalizados, tornando a repartição mais equalizada. Embora admita que muitos riscos possam ainda ser distribuídos conforme a classe social, Beck não concebe mais as ameaças como situações de classe. Para Beck, os riscos são produtos, ao mesmo tempo, reais e irreais, por aliarem danos e perigos já ocorridos.
Beck entende a sociedade de risco como um mundo de incertezas fabricadas, através de inovações tecnológicas e respostas sociais mais aceleradas, produzindo um novo cenário de risco global, de incertezas não quantificáveis. Longe de denotar controle, a sociedade de risco simbolizaria, de certo modo, uma era de descontrole pelo fato de os riscos civilizatórios escaparem à percepção, baseando-se principalmente, como exemplifica Beck (2), “na esfera das fórmulas físico-químicas (por exemplo, toxinas nos alimentos ou a ameaça nuclear)”.
Na área de epidemiologia, o risco representa uma realidade objetiva e mensurável, passível de cálculo. A criação de indicadores de risco para medir a morbidade (taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e momento) é um bom exemplo para se pensar na simbologia da transformação das incertezas em probabilidades e na normatividade dessas definições cientificamente construídas. Neste sentido, as análises de Beck nos ajudam a entender um pouco mais a respeito não só da necessidade humana de querer controlar o mundo frente às inseguranças com as quais a sociedade diariamente se defronta, mas também da própria impossibilidade desse controle total.
A consciência do risco global cria espaço para futuros alternativos, modernidades alternativas. Os riscos globais abrem um novo espaço de discussão moral e política capaz de fazer surgir uma cultura civil de responsabilidade globalizada.
Os riscos atravessam a auto-suficiência das culturas, idiomas, religiões e sistemas, fazendo com que pessoas e nações que não gostariam de se relacionar passem a se comunicar em prol de um objetivo comum.

Quem olhar o mundo como um risco de terror torna-se incapaz de agir. Se nos encaramos sobre a necessidade de opção entre a liberdade e a sobrevivência será demasiado tarde pois a maioria das pessoas escolhera situar-se contra a liberdade, por isso, o maior perigo não é o risco mas a percepção de risco que liberta as fantasias de perigo e antídotos sobre ela roubando desta maneira a sociedade moderna e a sua liberdade de acção. (Beck, apud Chevitares, 2005, p. 17).   
 A GLOBALIZACAO E SUA RELACAO COM A POS-MODERNIDADE.
Segundo Giddens (1991), A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitos milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialéctico porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção inversa às relações muito distanciadas que os modelam.
 A globalização implica um movimento de distanciamento da idéia sociológica clássica da "sociedade" como um sistema bem delimitado e sua substituição por uma perspectiva que se concentra na forma como a vida social está ordenada ao longo do tempo e do espaço" (Giddens, 1990, p. 64).
CARACTERÍSTICAS DA GLOBALIZAÇÃO
A globalização caracteriza-se pela interdependência do mundo, que não permite a nenhuma Sociedade humana viver completamente isolada das demais. O estabelecimento da produção e do comércio em redes mundiais pôs em relação todas as partes do mundo de modo que qualquer alteração regional ou local pode provocar, ou ter sido provocada, por um fenómeno ocorrido do outro lado do mundo.
Uma outra característica não menos importante é a compressão espaço-tempo, a aceleração dos processos globais, de forma que se sente que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos em um determinado lugar têm um impacto imediato sobre pessoas e lugares situados a uma grande distância.

Em outras palavras podemos assim dizer que a globalização com o seu poder de transformação tem características marcantes, segundo Manuel Castells (2002):
Ø  As novas tecnologias da informação está interligada são mundo em redes globais de instrumentalidade.
Ø  Introduziu-se uma nova forma de relação entre economia, Estado e sociedade em um sistema de geometria variável.
Ø  No mundo de fluxos globais de riqueza, de poder e de imagens, a busca da identidade colectiva ou individual, atribuída ou construída.
Ø  A tendência social e política são a construção da acção social e da política, em tornadas identidades primárias, assim estão atribuídas ou enraizadas na história e na geografia ou são de recente construção na busca do significado e espiritualidade.
Ø  A identidade está transformando-se na principal e às vezes única fonte de significado em um período histórico caracterizado por uma ampla desestruturação das organizações, deslegitimação das instituições, desaparecimento dos principais movimentos sociais e expressões culturais efémeras.

GLOBALIZACAO E HIV/SIDA: DESAFIOS.
A globalização é um fator de propagação do vírus da Aids devido aos deslocamentos populacionais e à marginalização dos mais pobres, afirma um estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho), publicado nesta quarta-feira.
O estudo “HIV/Aids no Centro de Trabalho em um Meio Ambiente Globalizado” reforça que algumas profissões apresentam riscos mais elevados. “Devido a seus freqüentes deslocamentos, algumas pessoas ficam muito mais expostas”, afirmou a autora do estudo, Odile Frank.

Segundo o estudo, três categorias estão mais expostas: os trabalhadores do setor dos transportes (muitas vezes distantes de suas famílias e de seu meio social), funcionários do turismo e da hotelaria e as pessoas que buscam trabalho, que muitas vezes vivem em condições difíceis.
De forma geral, as pessoas mais expostas são os jovens adultos, especialmente as mulheres, que não têm trabalho ou só contam com um emprego precário. “A globalização, que exclui certas categorias sociais e certos países, incide sobre a epidemia.
O estudo da OIT mostra que o vínculo entre a pobreza e a Aids é um círculo vicioso. Os investimentos estrangeiros diminuíram em todos os países africanos afetados pela epidemia. “A globalização causou a marginalização de certos países e, conforme são excluídos, existe o risco de que a epidemia não possa ser controlada”, continuou a especialista da OIT.
 Consideracoes Finais.
Hoje a sociedade assite um fenomeno não habitual que pode ser classificado como insolito, desta feita este caracter mostra o nivel de comprometimento para com o desenvolvimento de politicas de combate a HIV/SIDA, pois são paradoxais visto que existem solucoes divergentes, diante destas analises compreende-se que a Globalizacao faz com que a problematica de HIV/SIDA associada a nocao de Risco e espirito pos-modernista facam com que a epidemia seja uma realidade. O homem pos-moderno, compromete-se em enfrentar o risco sem medir a sua consequencia visto que es no risco onde encontra a sua realizacao.

Referencias Bibliograficas.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A Editora, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2006
VATTIMO, Gianni. Sociedade Transparente. São Paulo, Ática, 1992.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Número da edição, São Paulo, Editora da Universidade Estadual Paulista, 1991.
LYOTARD, John, Frances. A pôs modernidade explicado as crianças. Edições Paulinas, 1999.
AYRES, J. R. C. M. Vulnerabilidade e avaliação de acções preventivas. HIV/aids e abuso de drogas entre adolescentes. Fac. de Medicina da USP, São Paulo, 1996.




[1] Licenciado em Filosofia e Historia, Mestrando em Ciencias Politicas e Relacoes Internacionais, Docente Universitario.